domingo, 8 de agosto de 2010

Insights e sonhos


Escutei o relato abaixo durante uma palestra há algum tempo e rabisquei num bloco que resgatei esta semana.


A mulher tinha o mesmo sonho durante muito tempo em sua vida: estava na frente de um templo junto com um grupo, mas não pertenceia a ele. Depois de uma breve combinação, o grupo entrava, mas ela não. Não entrava porque tinha medo. E tinha medo porque sabia que estava morta e o seu corpo estava enterrado lá dentro.

 
Anos mais tarde, ela, professora de artes plásticas, acompanhou o marido, também professor, em um estágio na Espanha. Numa tarde, enquanto o marido estudava, ela resolveu caminhar sem um destino definido. E de repente, viu-se diante de um templo. Para sua estupefação, o mesmo que aparecia em seus sonhos. Na frente do prédio, um grupo de turistas que se reunia à volta do guia para acertar detalhes da visita ao local.


Ela se sentiu como se estivesse pregada ao chão. Paralisada pelo medo, não teve coragem de entrar com o grupo. Todos entraram, mas ela ficou ali durante um tempo que lhe pareceu interminável. Fechou os olhos e sua mente começou a mesclar imagens lá de dentro com a rua onde ela estava. Durante um longo período ela ficou parada decidindo o que deveria fazer. Receava que assim como o sonho lhe mostrou, seu corpo estivesse enterrado lá dentro.

Mas foi que, de repente, a professora de artes conseguiu enxergar que aquela era uma oportunidade única em sua vida nesta vida. E que talvez não viesse a se repetir. Então, resolveu entrar no templo e visitar as clausuras. E teve uma regressão a uma vida passada de forma espontânea, na qual enxergou a si própria como um monge que viveu naquele tempo. Num insight, viu que o claustro antes era um jardim cheio de rosas, com borboletas e passarinhos. Emocionou-se e agradeceu aquele momento orando por todos os monges.


Para mim, os sonhos são valiosos e podem elucidar muitas situações, conflitos, vivências. Também são veículos de nos conectar com o EU interior. E muitas vezes, podem ser usados como ‘passaportes para outras vidas’. Como o da professora. Aos meus, dou relevante importância e deles muitas vezes extraio bastante do que escrevo. No quarto, na mesinha junto ao abajur, há um bloco em lugar cativo e uma caneta a postos à espera de um bom sonho.

Rosane Leiria Ávila
Publicado no Jornal Agora http://www.jornalagora.com.br/ - 11 julho de 2010

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