Ver que a vida não cessa de nos dar oportunidades para mudarmos nossas atitudes...
domingo, 4 de abril de 2010
Falar ou silenciar?
Quando falar e quando calar? Saber falar é um dom – dizem, e calar, sabedoria. Mas, o mesmo vale para o sentido inverso? Em que momento falar é sábio e silenciar, uma virtude?
Refleti sobre essa questão durante um almoço. Confesso que o ambiente zen do restaurante vegetariano e a música suave de fundo ajudaram minha reflexão, se é que não foram responsáveis por ela. O fato é que me veio à mente a declaração de minha fisioterapeuta uma hora antes. Ela contou que durante uma massagem nas costas e coluna cervical de uma paciente, repentinamente encontrou um nódulo de tamanho significativo e com muita pouca chance de ser lipoma.
Claro que ela alertou a moça para a descoberta, mas quando perguntada por esta que tipo de especialista procurar, faltou-lhe coragem de indicar logo um oncologista e acabou aconselhando-a a ir a um clínico geral.
- Não tive coragem de dizer a ela que procurasse o oncologista para não assustá-la, completou.
Concluímos a conversa falando no medo que às vezes se tem de descobrir a verdade.
Também me veio à mente o programa “Saia Justa”, do GNT, assistido na noite anterior no qual as quatro apresentadoras – Mônica Waldvogel, Betty Lago, Márcia Tiburi e Maitê Proença liam e-mails enviados por telespectadoras. Em um deles uma moça perguntava se devia acabar o relacionamento com o namorado que gostava de praticar suingue (prática sexual que envolve dois ou mais casais).
A melhor resposta não foi dada por elas e saiu de perto de mim: “Se isso não incomoda a moça e se ela gosta, que continue. Mas é difícil pensar que seja assim, senão ela não estaria em dúvida”.
Questionei se essa clareza de resposta foi por esta estar resguardada no anonimato... Bem, o fato é que as apresentadoras do programa engasgaram - Bete se declarou bastante irritada, Maitê falou sem clareza e Mônica foi a que mostrou uma posição mais razoável para aquele momento, embora não tenha dado uma resposta concreta à telespectadora.
Sobre isso, de novo voltei a questionar em como é complicado ser sincero e falar o que realmente se pensa – já que a sinceridade muitas vezes é tomada por rispidez ou falta de educação. Talvez a resposta que uma delas tivesse vontade de dar tenha ficado entalada na garganta, engessada pelo hábito de que já nos acostumamos (ou fomos educados para assim o agirmos) a tomar um atalho cômodo para que não causemos mágoas.
No fundo, acredito que saber quando falar e quando calar é uma questão que envolve o nosso aprendizado na vida, o nosso crescimento e a nossa evolução. Que chega com o tempo e com a maturidade.
Rosane Leiria Ávila
Publicado no Jornal Agora (www.jornalagora.com.br) Mulher Interativa (http://mulher-jornalagora.blogspot.com)
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