O cogumelo no breu da noite de lua cheia e de calmaria de ventos, brilhava assustadoramente no céu. Ou surpreendentemente. A primeira imagem que o pensamento que a visão me remeteu foi àquela famosa visão que o mundo jamais deve esquecer: a da Bomba de Hiroxima.
Passados alguns dias, eu ainda não sei se foi uma miragem dos meus olhos; fruto de minha imaginação, ou uma crise de sonambulismo.
O fato que lembro é que o meu segundo pensamento foi pegar a câmera fotográfica. Mas eu não consegui desgrudar meus pés do chão para pegá-la no armário.
Pensei se o tempo teria dado um pulo e se já estaríamos no tão falado 2012. Ou se o mundo, cheio de nós, tivesse resolvido se antecipar ao fim.
Bem, o relato acima foi um sonho dentro de um sonho. Mas quando acordei, de verdade, fiquei pensando no quanto vamos impingindo ao planeta, às pessoas, aos animais, à natureza, situações extremas sem sequer nos darmos conta da gravidade delas.
Mas acho que é quando a vida foge do corpo por motivos fúteis; ou por lapsos de uma consciência e responsabilidade maiores, que isso se torna mais nítido.
São exemplos disso, a Van Escolar sem qualificação para tal e em alta velocidade, que se chocou contra um caminhão-tanque na pista, matando quatro crianças no último dia 1º, no Rio; ou o motorista que sentiu-se incomodado pela vagarosidade do veículo à sua frente, ultrapassou-o e atirou no outro condutor, matando um jovem de apenas 22 anos, no mesmo dia, mas em São Paulo.
E, em meio a um caos, o improvável: a sobrevivência de uma adolescente de 14 anos no mar durante 12 horas, depois da queda do avião da companhia aérea Yemenia, que ia de Sanna, capital do Iêmen, para Moroni, capital das ilhas Comores. Personagem de um verdadeiro milagre, ela estava a bordo do Airbus A310 e foi a única sobrevivente entre as 153 pessoas que estavam no vôo.
São esses istmos que nos faz ter esperança num universo de desesperançosos acontecimentos.
Rosane Leira Ávila
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