Liberdade e aventura. O filme não está estreando nos cinemas ou sequer é lançamento nas locadoras. Rodado em 2007, “Na Natureza Selvagem” tem direção de Sean Pean e traz no elenco Emile Hirsch, William Hurt e Catherine Keener.
“Into the Wild”, seu nome original, recebeu duas indicações ao Oscar e conta a história de um rapaz de 23 anos que resolve viajar pelos Estados Unidos´, logo após sua formatura na universidade.
Christopher McCandless, esse é o seu nome, quer buscar a si mesmo e encontrar o sentido da vida e a razão para se viver. Sem pressa de percorrer o caminho até encontrar a resposta ao seu questionamento, tem apenas uma idéia fixa e da qual não abre mão: ir sozinho para o Alaska em pleno inverno.
Até conseguir seu intuito, durante dois anos ele vivencia situações, pessoas e lugares diferentes. O interessante é perceber como a sua simples decisão afeta, e por vezes altera, a vida das pessoas com quais vai travando conhecimento. E que ao decidir ser um viajante solitário apagando rastros para não ser encontrado, não tinha ainda noção de como a dor que deixou como legado a seus pais os melhoraria interiormente.
O filme é baseado no livro "Into the Wild", de Jon Krakauer, e conta a história verídica desse rapaz introspectivo e pertencente à rica família McCandless, de Atlanta, EUA, que autorizou sua divulgação.
Com uma bagagem cultural grandiosa, ele é imbuído de uma pureza de sentimentos e inconformidade com a mesmice. Quer entender por que milhões de pessoas buscam na riqueza externa o apoio para suas migalhas interiores.
Para sair da casa dos pais, o rapaz se despoja de tudo - dos quase 24 mil dólares reservados para o seu futuro, do carro antigo e de tudo que possui um valor monetário.
Para sobreviver, vai prestando pequenos serviços por onde passa. E viajando de carona em carros, caminhões ou em vagões de carga de trens.
Sua alma anoitece, amanhece, se alegra, se entristece; se enriquece e se anuvia em sua caminhada de busca.
Quando encontra sua resposta - e ela é tão simples - já é tarde demais para ele, que torna-se refém da natureza.
O filme é delicado e sensível e nos obriga a uma reflexão. Ou a várias. A principal delas é que sempre buscamos complicar as coisas para poder explicá-las com a arrogância de um falso saber. Quando no fundo, tão pouco sabemos a respeito de nós mesmos como seres atrelados a constantes reinícios e fins. Sempre a buscarmos o que é tão evidente. Mas que por ser assim tão evidente, nos deixa completamente cegos à sua luz de consciência e sapiência.
Rosane Leiria Ávila
Publicada no Jornal Agora http://www.jornalagora.com.br , caderno Mulher Interativa, 30-31 de maio de 2009.