quarta-feira, 6 de maio de 2009

Esperança nos vôos dos Falcões


Quando o homem se socorre da vida animal para proteger o próprio homem, a gente pensa que pode, sim, existir algum respeito ainda. E reconhecimento pela vida inteligente do reino animal. 
O aeroporto Salgado Filho em Porto Alegre treina desde o ano passado oito falcões para a segurança do local. Essas aves terão como missão evitar que outras aves provoquem acidentes às aeronaves. A medida já vem sendo utilizada de forma experimental em Minas Gerais e é utilizada na Europa, Chile e Argentina. Mas o Rio Grande do Sul poderá sair na frente no inusitado controle de segurança dentro em breve, com o treinamento dado por concluído.
Os falcões foram treinados pelo biólogo Gustavo Trainini e estão aptos a identificar e atacar outras aves nas imediações do Salgado Filho. A conclusão também é de que somente a figura do predador no céu faz com que as outras aves se evadam. Além disso, o método tem a vantagem de ser 100% ecológico.  
Mais ou menos como aquela velha história que cresci escutando: gatos afastam ratos. Os mais antigos diziam que apenas o cheiro de um gato em uma casa era suficiente para que os ratos não passassem por perto. Os roedores mais ousados ou aqueles que desacreditavam de seus instintos, viravam almoço ou jantar do felino. 
Há alguns anos, li uma notícia de que o governo italiano estava incentivando os cidadãos de algumas cidades históricas da Itália como Roma, Nápoles e Veneza a criarem gatos. Isso porque haviam colônias de ratos e isso prejudicava o turismo. 
Se essa atitude do homem de socorrer-se do reino animal não fosse tão tímida se comparada ao que ele maltrata e desrespeita, seria um fato alvissareiro. Mas o que se vê é que os animais são tratados de forma indecente e inaceitável. Perdem a vida por causa da luxúria de mulheres, sofrendo escalpelações em vida para que suas peles não sofram prejuízos econômicos na morte. São privados de viverem com um mínimo de dignidade ao serem confinados em míseros espaços em fazendas criadouras, ou em transportes “de carne viva” em navios escravos, em cenas que excedem a compreensão de quem se aventura a pensar a respeito. 
O que alenta por um lado é que mesmo tímidas, ações desse tipo ocorram. Por outro, que existam pessoas que fizeram da sua voz, a voz dos animais. Que denunciam, lutam, se dedicam e se sacrificam para defendê-los. 
Neste mês de maio um evento oferecerá uma boa oportunidade para quem quiser conhecer melhor a realidade por trás das pesquisas. O 1º Seminário Regional dos Direitos dos Animais, intitulado "O Ensino e a Pesquisa sem Crueldade", que ocorre no próximo dia 14, às 19h, no Auditório das Promotorias de Justiça de Pelotas, discutirá fatos éticos e jurídicos na utilização de animais no Ensino e Pesquisa. A grande maioria das pesquisas que utilizam animais são desnecessárias e os laboratórios se assemelham a Auschwitz. O evento contará com a presença do promotor de Justiça de Laerte Fernando Levai, e é promovido pela SOS Animais (Pelotas) e Amigo Bicho & Cia (Rio Grande), com apoio do Ministério Público do Rio Grande do Sul.

Rosane Leiria Ávila
[Publicado no Jornal Agora www.jornalagora.com.br, caderno Mulher Interativa, 2 maio 2009]