quinta-feira, 30 de abril de 2009

Poucas e... nada boas


Ufa! Finalmente o BBB9 chegou ao final. Embora eu não tenha assistido a um mísero episódio sequer, a exemplo dos seus antecessores, é um alívio saber que a tevê ficará livre de tanta bobabem! Como se o Brasil fosse uma maravilha, os serviços funcionassem bem; não houvesse violência nem descontrole da miséria ou desvalorização da vida, e os brasileiros, não sabendo o que fazer com o ócio de uma vida boa, tivessem como única opção direcionar a atenção aos BBBs. 
Ora, o dito programa televisivo chegou ao final com uma audiência maciça, como se não  houvessem problemas suficientes para os quais o povo devesse realmente “estar ligado”.
Nesta semana, apenas para citar um ínfimo 'probleminha' na ponta de um iceberg gigantesco, o Senado criou novas regras para divulgar atos administrativos. Na prática, restringiu o acesso de jornalistas a informações importantes ao povo, e só responderá as perguntas feitas pela imprensa até cinco dias depois. A desculpa? Normatizar o serviço, já que o número de solicitações é muito grande e os 'técnicos' precisam de 'tempo' para responder. Mas na verdade, essa nova regra só foi adotada após o Senado se tornar alvo de inúmeras denúncias de irregularidades administrativas. 
Entre os 'arranjos' que vieram à tona através da imprensa, está o pagamento de horas extras durante o recesso parlamentar de janeiro para mais de três mil funcionários do Senado. 
Ou a da senadora e líder do governo no Congresso, Roseana Sarney (PMDB-MA), que resolveu “bancar” com cotas de passagens do Senado, a viagem de sete parentes, amigos e empresários do Maranhão para Brasília. 
Ah, tem ainda os mais de  R$76 milhões que a Câmara dos Deputados vai gastar na reforma de apartamentos funcionais em Brasília. 
A propósito: quanto é destinado e chega para a Saúde, mesmo? O Hospital de Clínicas de Porto Alegre, que imagino ser apenas um de tantos por este país afora, está sofrendo uma ação judicial porque, para poder se gerir, está também atendendo convênios particulares, ao invés prestar serviços somente a pacientes do SUS. Mas, segundo o hospital, a verba que o Ministério da Saúde faz chegar ao seu setor financeiro é insuficiente para manter a instituição funcionando.
Ah, bem! Você não sabe o valor da verba, não é? Tudo bem, eu também não. Só o que sei é que não quero que a imprensa e os jornalistas não sejam 'amordaçados' por uma democracia mascarada. Por um regime democrático que  nos obriga a votar, quando o voto deveria ser uma opção de todo o cidadão. E que a 'tal obrigação', leva às urnas milhares de brasileiros que teoricamente não teriam condições de discernir o que é certo do que é errado, e que acabam legitimando parlamentares espertinhos e suas más ações políticas, que acabarão se voltando contra eles próprios, ou melhor, contra todos nós, o povo!
Sorry! Era para falar da Páscoa! Mas não deu porque está faltando cada vez mais ao ser humano amorosidade e respeito pelo próximo. E isso, em minha modesta opinião, está se tornando cada dia mais utópico. Melhor então, encerrar com aquela famosa e batida frase da apresentadora Ana Maria Braga: “Acorda Brasil”!

Rosane Leiria Ávila
Publicado no Mulher Interativa, 11-abril-2009
JORNAL AGORA
www.jornalagora.com.br (link Mulher Interativa)

Verdades & Mentiras

Por que é tão difícil lidar com a verdade e tão mais fácil falar uma mentira? E por que as pessoas tendem a se magoar com uma verdade, quase obrigando as outras a trapaceá-las com uma mentira?

Pensei sobre essa relação estreita e delicada entre verdade e mentira nesta semana, quando ouvi o desabafo de uma amiga. Atendendo um pedido de sua mãe, ela estava hospedando uma amiga desta há cerca de um mês. E, diante da iminência da visitante ficar por um prazo indeterminado, precisou usar do artifício de uma mentira para ter de volta a sua privacidade. Sua vida estava se tornando um caos. O marido lhe disse, à queima-roupa, que não agüentava mais. “E olha que ele é a pessoa mais calma e pacienciosa que conheço”, disse-me ela. 

Minha amiga o viu no limite e temeu pelo que pudesse vir a acontecer ao relacionamento dos dois, e pelo estresse que surgiria com a mãe dela se fosse deflagrada uma explosão verbal. Afinal, aquela senhora era a melhor amiga da sua mãe e estava cuidando do irmão na UTI de um hospital, sem qualquer previsão de mudança no quadro clínico. “Meu marido a escutou falar ao telefone com parentes em sua cidade e compreendeu que haveria uma substituição nesse ‘plantão’, ou seja, ela iria embora e viria outra pessoa substituí-la. E para ficar na nossa casa!”, contou-me alarmada.

O assunto é prato cheio para análise e embora já tenha sido exaustivamente debatido, continua como uma intrincada peça de perdas e ganhos em nosso dia-a-dia. Os que dizem a verdade, geralmente são considerados ingênuos e, não raras vezes, ganham inimigos. Existe até um cálculo de que a cada cinco minutos uma mentira vem aos lábios, contabilizando uma média de 200 vezes por dia.

Segundo a psicóloga americana Bella DePaulo, da Universidade da Virgínia, EUA, os cônjuges e familiares são vítimas de dois terços de todas as mentiras graves. “Sorrimos diariamente com um olhar inocente para manter uma boa atmosfera, ou para nos apresentar sob uma luz mais favorável”, diz ela. 

Mas não é preciso se enganar também que mentira tem que ser elaborada. Afirmações falsas ou falsos elogios igualmente são mentiras, mesmo aquelas comuns tipo: “você está mais ótimo mais magro ou mais gordo”, ou ainda “não fui trabalhar hoje porque estou gripado”, numa afirmação deslavada.

Li em algum lugar que existe apenas uma diferença entre a verdade e a mentira: a mentira é sempre verossímil. Já a verdade, na grande maioria das vezes, é inacreditável. Ou inaceitável.


Rosane Leiria Ávila (POA, 1º de abril de 2009)

Publicado no Mulher Interativa (http://mulher-jornalagora.blogspot.com) / Jornal Agora (www.jornalagora.com.br)