segunda-feira, 31 de maio de 2010

Nossos sonhos



Uma amiga revelou-me que não sonha. Nunca sonha. Bobagem. Ela sonha só que não consegue se lembrar depois. Ela também ficou escandalizada quando lhe devolvi em confidência: “Eu sonho todas as noites e em muitas, mais de um sonho. Também costumo anotá-los e alguns acabam até virando crônicas”.
Minha mãe, por exemplo, sempre gostou de decifrar sonhos. Seus e os das filhas, das netas... Ou pelo menos tentar. Por conta disso, quando pequena ficava fascinada achando que ela podia olhar nossas cabeças enquanto dormíamos, como uma bruxa olha sua bola de cristal.
Sonhar é muito bom mas também muito íntimo. Não podemos sair por aí contando nossos sonhos. Segundo o pai da psicanálise, Sigmund Freud  (1856 – 1939), à medida em que o ego adormece, afrouxavam-se os laços do sensor liberando o acesso aos nossos impulsos mais reprimidos e linguagens inconfessas.  Dizia também que sempre costumamos sonhar entre as 6h e às 8h, de três a cinco vezes, e praticamente de 90 em 90 minutos. Concordo com a quantidade, mas juro que os meus começam tão logo adormeço.
Já o Carl Jung (1885 -1960), que estudou os sonhos por mais de dez anos, concluiu que eles são uma porta de acesso a outras dimensões. Todos os personagens, emoções e situações remetem a uma jornada onírica como ser.
Jung trabalhou inicialmente com Freud na pesquisa dos sonhos. Um dia, exaustos, adormeceram e sonharam. Foi quando descobriram que o sonho está dividido em cinco partes: a RAM, a REM, a RIM, a ROM e a RUM. Depois de algum tempo, eles se dividiram em suas interpretações ao sonho.
Os sonhos tentaram ser interpretados já na antiga Grécia. Em tempos mais recentes, a psicoterapia tem três correntes: Freud, Yung e Erich Fromm. Este último defende que questões econômicas influem na capacidade dos indivíduos sonharem. E define: "Nosso Eu, como ser social, e a sociedade influenciando no meu sonhar".
Eu, particularmente, aceito e gosto da definição de sonho pelo Xamanismo: "Os nossos sonhos pertencem a um tempo e a um espaço". Filosofia de vida muito antiga, seus os ensinamentos baseiam-se na observação da natureza e seus sinais: sol, lua, terra, água, fogo, ar, animais, plantas, ventos, ciclos, enquanto que seus objetivos básicos são reconectar o ser com sua sabedoria interior.  
Para mim, está perfeito.
Rosane Leiria Ávila
Publicado no Jornal Agora
www.jornalagora.com.br

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