sábado, 8 de agosto de 2009

O peso da balança


Você já imaginou ver-se fora de si mesmo? Como os outros o vêem? Tudo bem, se chegar à conclusão de que os outros não o conhecem. E provavelmente não o conheçam mesmo. Não na sua essência, na sua verdadeira identidade. Provavelmente, o que você tenha exposto na sua vitrine durante todos esses anos, tenha sido o que você queria que os outros admirassem – ou temessem -, em você.
Experimente fazer um jogo: imagine por um breve momento se enxergar como os outros o enxergam. Avalie-se com os olhos dos outros. Mas para isso será preciso deixar de lado o orgulho e se permitir pressentir dentro de você.
Necessário também será se despir da vaidade para você mesmo. Da mesma forma, pensar que nesse momento não precisa encenar nenhum personagem. Basta apenas se olhar com a maior honestidade que for capaz.
Então, e só então, pergunte-se o que ali está vendo: alguém com capacidade de amar, de perdoar, de se doar? Com coragem de mudar? Ou um arremedo de um ente que tenta, em vão, convencer-se de que é feliz, mesmo que para isso tenha que cerrar os olhos e cobrir os ouvidos aos ecos da dor do mundo?
Tire a longa e pesada capa de insensibilidade com a qual se veste. Tire também as máscaras de dono da verdade, dessas verdades que se quer acreditar como verdadeiras, únicas e absolutas. Vou mais além e ser mais dura: dispa-se como se caminhasse para o próprio velório. Sem bens e sem adornos. Apenas com a roupa que lhe cobre o corpo, pois é só com ela que estaremos no momento derradeiro.
Experimente o momento para a sós ficar com Deus. E à sua frente, coloque uma balança. Deposite de um lado a fé, o amor, a compaixão, a paciência, a piedade e o perdão, os verdadeiros alimentos saudáveis da alma. No outro, o orgulho, o cinismo, o ciúme, a ganância, a arrogância, a competição, a raiva e o ódio...
Mas seja honesto e aceite se a balança entornar para o lado dos sentimentos ruins. Porque mesmo que isso aconteça e que o peso seja muito grande, ainda dará tempo para mudar. Você ainda terá tempo para se reinventar e fazer o outro lado da balança subir.

Rosane Leiria Ávila
Crônica publicada no Jornal Agora (www.jornalagora.com.br), caderno Mulher Interativa

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