sábado, 18 de julho de 2009

Viagem no tempo

Esta é uma viagem não de verdade, dessas que a gente sonha, planeja, compra passagem e arruma mala com muitas roupas e expectativas...
É uma viagem no tempo passado, vivido, experenciado. Nesta viagem embarco na máquina do tempo do famoso professor Ludwig, amigo do professor Pardal (quem não se lembra dos quadrinhos do inesquecível Walt Disney?) e saio em uma aventura, por vezes, reparadora ao extremo. Por outras, de pura bulimia emocional.
O projeto ilusório já vinha há dias me aliciando. Principalmente, quando leio as notícias ruins nos jornais , internet ou as assisto na tevê. Só as perversas, sim, porque nas boas e alvissareiras, que são em número bem menor,  nem passaria pela cabeça contrafazê-las.
E foi exatamente lendo uma nota sobre o lançamento de “Para Sempre Teu, Caio F.”, de Paula Dip (Ed. Record) que essa viagem maluca acabou aterrissando no papel. O livro é uma biografia sobre um dos melhores escritores brasileiros (ele era gaúcho, natural de Santiago – 1948/1996), montado a partir de cartas, bilhetes e confidências trocadas entre Caio e sua amiga Paula, que conseguiu a proeza de resgatar um pouco da diversidade do escritor. Graças a ela, mais um pedacinhho de Caio ficará perpetuado na palavra escrita e editada.
Nessa máquina do tempo, durante a viagem, desacelero o progresso que atropelou a natureza, os costumes e tradições, derrubou árvores, devastou florestas, poluiu rios; colocou espécies em risco de extinção; revisito amigos antes da partida deles, encantada pela chance de alertá-los para o perigo que os vitimou. Desfaço atitudes feias, pequenas, baixas, mágoas impingidas, ressentimentos desnecessários.
Na máquina do tempo me reencontro até com minha avó e lhe digo que deveria ter gostado mais de mim quando pequenina, pois fui a adolescente chata que a levava da casa de minha mãe para a de minha tia durante seus surtos de ‘caduquice’. Hoje, conhecido por Alzheimer.
Na engenhoca do professor Ludwig alerto Lennon para não ir ao Central Park naquele dia, digo a Elis para se cuidar mais porque havia um caminho lindo ainda para ela trilhar; a Vinícius para beber menos e diminuir a boemia, e a Gonzaguinha para deixar a estrada para o outro dia, e não dirigir após o show...
Na incrível máquina de Ludwig conserto tudo: de gente a mundo. E impeço até atos bárbaros por motivos fúteis e inexplicáveis em todas as esferas: razão, emoção, espiritualidade... Como a tal chacina de uma família inteira por causa de meia galinha presenteada a um casal de invejosos vizinhos... É que o presente oferecido não foi a da melhor parte da ave, conforme alegaram os assassinos, que de uma só vez mataram o pai, a mãe grávida de gêmeos e três filhos.
Foi bom sonhar um pouquinho com a engenhoca de Ludwig.

Rosane L.Ávila

Mulher Interativaviagem no tempo

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